sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril - Resumo da Vida de um Militar


Hoje celebra-se o 25 de Abril, Revolução dos Cravos. 34 anos de grandes mudanças (positivas ou negativas, cada qual é livre de ter a sua opinião) no nosso país, na nossa cultura, nas nossas vidas.

Apesar da data que se assinala hoje, não iremos falar do 25 de Abril, da sua história, mas deixar o relato de um militar que em poucas palavras conta a sua vida militar e também como fez parte do movimento em Lisboa nesta revolução.

Relato na primeira pessoa:
“Foi um dos tempos que me marcou, tanto no presente como no futuro.
No presente, porque aprendi muito, na cultura, no respeito e formações.
No futuro, porque tudo aquilo que aprendi, me tem ajudado a desenvolver a minha vida profissional.
Os meus primeiros passos foram dados em Vila franca de Xira, onde estive a tirar a recruta e fiz o juramento bandeira, nas Forças da Marinha de Guerra Portuguesa.
Após juramento bandeira fui transferido para Vale de Zebro, onde ingressei no curso de Fuzileiro Naval, o qual teve uma duração de cerca de 6 meses. Aí tive uma boa experiência a nível de aulas práticas e teóricas.
Findado o curso de Fuzileiro Naval, como tendo boas notas e um bom comportamento, fui nomeado para o curso de Fuzileiro Especial, o qual também teve uma duração de 6 meses.
Como não podia deixar de ser, e o seu nome o diz, foi um curso um pouco duro, duro pela instrução que nos surgia todos os dias e pelos maus bocados que passávamos no campo em instrução. Mas tudo passava e ainda hoje sinto orgulho de o ter feito e ser um dos segundos classificados em 365 que éramos no grupo e mais ainda por ter recebido aquela boina preta que muito me orgulha.
Tendo terminado o curso de Fuzileiros Especiais, com bom comportamento, fui convidado para uma secretaria para exercer a função de escriturário, não era muito o meu hábito porque não tinha curso, mas como dava um jeito por lá fiquei alguns 12 meses, onde tive uma boa experiência a nível de secretaria, arquivos, etc.
Como ainda não chegava de cursos neste período 12 meses, frequentei um curso de socorrista, onde acumulava os dois serviços porque o meu chefe não me deixava sair da secretaria. Com todo este tempo de cerca de 22 meses de curso, tive o prazer de ser nomeado para Moçambique no 10º Destacamento de Fuzileiros Especiais. Para mim foi uma alegria, muito embora tivesse a noção que era um grande risco, mas como a sorte estava do nosso lado, antes de viajarmos para Moçambique tivemos o 25 de Abril de 74, onde também fiz parte dos movimentos em Lisboa.
Penso que foi uma boa mudança para o país, muito embora não concorda-se com algumas coisas.
Para nós, o 10ºDestacamento facilitou, porque apenas tivemos 3 meses no mato, o resto do tempo foi na cidade de Lourenço Marques.
Nós não éramos um destacamento éramos uma família, porque o fusa é uma irmandade. E para provar esta amizade, cumplicidade e fraternidade, ainda hoje nos reunimos todos os anos para um almoço.
A minha ideia em relação à vida militar é que todos deviam passar por lá.


Filho da Escola e Filho desta Terra, Ventura