terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aniversário....Quem não se lembra da Rua Sésamo :) ????

Misturava actores reais com fantoches. Estreou-se nos EUA há 40 anos, mas só passados 20 chegou a Portugal. A "Rua Sésamo" foi dos programas infantis mais célebres do sempre.



Um pouco de História:

Princípio dos anos 90. A televisão pública norte-americana está sob fortes críticas. Nessa altura, um grupo de portugueses viaja para o outro lado do Atlântico. Razão: vão falar ao Senado sobre a importância de programas como a Rua Sésamo, cuja adaptação portuguesa era tida como um exemplo a seguir. Maria Emília Brederoque Santos, a directora pedagógica, e o produtor Manuel Petrónio - dois elementos do núcleo duro português - foram então recebidos oficialmente para fazer a defesa daquele que já era um dos programas infantis mais bem célebres de sempre. Hoje, 40 anos depois da estreia americana, Portugal também tem motivos para festejar. Lançada cá há 20 anos, a Rua Sésamo não se limitou a ensinar o abecedário e os números aos mais novos: deixou toda uma geração órfã das músicas do Monstro das Bolachas, do Conde Kontarr e da boa disposição de Poupas.

"Vem brincar, traz um amigo teu. E ao chegar, tu vais poder também ensinar como se vai até à Rua Sésamo." Começava assim o genérico do programa que passava nos fins de tarde da semana e que deixava os miúdos colados ao ecrã. A fórmula era um sucesso: ensinava a brincar. Resultado: agarrava os pequenos, agradava aos graúdos.

"Tínhamos objectivos muito concretos, definidos com base em vários seminários de pessoas ligadas à educação e aos PALOP", recorda Maria Brederoque Santos, hoje ligada ao Ministério da Educação. A ideia passava por identificar as principais necessidades educativas das crianças dos dois aos seis anos, embora o programa também tivesse êxito nos pré-adolescentes até aos dez. Por outro lado, continua a ex-directora pedagógica, "dava-se muita importância à aprendizagem da língua e à preparação da leitura e da escrita".

Na versão original ("Sesame Street") emitida nos EUA, o programa contou com um número recorde de episódios: 4135. Por cá, recorda Teresa Paixão, actual directora de programas infantis da RTP2 e uma das guionistas da "Rua Sésamo", foram feitas "quatro séries, duas de 130 episódios e duas de 90". "Estamos a falar de uma altura em que nem todas as crianças frequentavam o pré-escolar. O ensino era privado e foi graças à Rua Sésamo que muitos miúdos aprenderam as letras e os números."

Apesar da ter escrito uma página de sucesso na história dos programas infantis - e da própria educação -, nem tudo correu bem à produção portuguesa. Para a história fica o trágico episódio de um acidente de helicóptero na Figueira da Foz, que vitimou todos os membros da produção que ocupavam o aparelho, e algumas peripécias nas filmagens em África, que levaram à detenção da equipa portuguesa em Angola, acusada de filmar objectivos militares. "Era apenas um pôr do Sol", conta o realizador Ricardo Real Nogueira.

Americanos exigentes Ao todo, a versão portuguesa da Rua Sésamo esteve no ar sete anos, com um custo de 400 mil contos por cada série. Do elenco, que ultrapassava a dezena de actores, faziam parte nomes como Alexandra Lencastre, Vítor Norte, António Anjos ou Fernando Gomes. Alguns eram apenas responsáveis por dar voz aos Marretas de Jim Henson, inicialmente coordenados por João Lourenço e mais tarde por António Feio.

Apesar de a maior parte dos conteúdos chegarem dos EUA, o programa contava com dez minutos diários de produção portuguesa, onde eram exibidos documentários, cenas de estúdio e animações, sempre sob a supervisão americana. "Eram muito exigentes", comenta o realizador Ricardo Real Nogueira. "A compra do formato passava também por uma formação do núcleo duro nos EUA." Quando o programa chegou ao fim, a RTP2 lançou aquele que considera o filho da "Rua Sésamo": "Jardim da Celeste". Hoje, diz Teresa Paixão, "temos a neta, a 'Ilha das Cores'".

Fonte: http://www.ionline.pt/conteudo/32054-rua-sesamo-poupas-e-companhia-sem-crise-meia-idade